15.4.06

“Isto é para quando você vier. É preciso estar preparado. Alguém terá de preveni-lo. Vai entrar numa terra em que a verdade e a mentira não têm mais os sentidos que o trouxeram até aqui.”

Essa é a introdução do livro Nove Noites, do jornalista Bernardo Carvalho. Ele conta a história de um antropólogo norte-americano que se suicida em uma aldeia no Xingu no final da década de 30. A partir de uma citação do caso em um artigo, o autor faz uma pesquisa sobre a vida do antropólogo e narra sua história onde não se difere a realidade da ficção. Carvalho faz um paralelo entre a história do americano e sua própria infância, onde seu pai era proprietário de terras no Xingu, o que gerou o contato com algumas aldeias da região.

Chama a atenção a maneira como o livro retrata o contato do pesquisador com os índios. A figura do índio é tratada com um realismo que leva o leitor a criar uma imagem um pouco depreciativa desta figura. Nessa relação, ele destaca o lado negativo do paternalismo presente no contato do branco com o índio.

Os relatos da experiência na aldeia impressionam pela sensação de desespero causado pelo isolamento dentro de uma cultura completamente diferente da sua. Ao mesmo tempo, pode se perceber uma atração pela sensualidade presente naquele meio selvagem.

Em uma entrevista para o site Por trás das letras, Carvalho explica que o livro conta apenas a verdade a respeito do comportamento na aldeia e que não tinha a intenção de fazer um trabalho antropológico:
“Eu não considero a abordagem leviana. Deve ser leviana do ponto de vista de um antropólogo. Eu só não quero ser paternalista. Quero tratar o índio de igual para igual. E não tem nenhuma mentira com relação aos índios”, afirma o autor.

Bernardo Carvalho nasceu em 1960, no Rio de Janeiro. Ele é colunista da Folha de São Paulo e já publicou 8 livros. Nove noites foi publicado em 2002.

entrevista completa no site:
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=resumos/docs/novenoites

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