29.11.06

Metrópole

É isso que da pra ver aqui da janela.

22.11.06

Não me canso de dizer como São Paulo é sempre uma surpresa. Ontem, uma terça-feira perdida em uma semana ruim, tive a oportunidade de assistir a um belo concerto da Orquestra Sinfônica da USP, na Sala São Paulo. Fui a convite de uma nova amiga que fiz por estes lados, que fez com que a noite fosse realmente muito divertida. Ela é grande fã de música clássica e não pude deixar de me contagiar com sua alegria e empolgação diante dos violinos, trompas, violoncelos, trompetes, etc. Não sabia que música clássica podia ser tão emocionante.

1.11.06

A fantástica fábrica de chocolate



No caminho até a fábrica, seguindo as pequenas placas pregadas nas árvores que acompanham a estradinha de terra, você acaba pensando: ‘o que será que uma fábrica de chocolate faz aqui por estes lados?’. A resposta é bem simples, foi pensando no clima frio de São Roque (na maior parte do ano), que o casal de engenheiros Adriano e Arali decidiu abrir a Fábrica e Loja de Chocolates Dunluce exatamente naquela região.

Logo na entrada, o estacionamento cercado de árvores e flores já traz um ar de tranquilidade. Ao entrar na loja, o cheiro de chocolate toma conta dos narizes e logo a atenção é voltada para uma bela cascata com chocolate derretido que lembra um chafariz de Willie Wonka.

Na loja, além da prateleira com chocolates, trufas, bobons, pães de mel, alfajores, bonbons, brownies, a parede de vidro permite observar todo o processo de produção de cada uma das delícias oferecidas na loja.A vontade é de experimentar um de cada, mas para evitar a dor de barriga (por exesso de chocolate), escolha a trufa com recheio de laranja ou o bombom com recheio de cereja. Não deixe de esperimentar também os tabletes de chocolate (principalmente o 70% amargo) para sentir o gosto do verdadeiro chocolate, produzido com cacau especialmente selecionado.

Além de produzir o chocolate, a Dunluce também desenvolve equipamento para outros fabricantes possam produzir em pequena escala e aumentar a variedade e a qualidade do chocolate produzido no Brasil.

Não deixe de fazer o ‘Chocotour’ pela fábrica, que conta a história
do chocolate desde os tempos dos Incas e Astecas na América Central até os dias de hoje. E mostra passo a passo o processo de produção de chocolate na fábrica, do cacau até às embalagens coloridas. No tour você também passa pela experiência de produzir seu próprio chocolate (que você pode comer ali na hora ou levar pra casa).
Matéria publicada no Guia do Feriado do jornal O Estado de São Paulo em novembro de 2006 (sem edição).

João de Camargo de Sorocaba


Nas religiões africanas, como o Candomblé (de origem nigeriana) e a Umbanda (de origem angolana), existe um grande respeito à figura dos mais velhos. Essas culturas tem como base a tradição oral, onde os conhecimentos são passados de geração em geração, ou seja, dos mais velhos para os mais novos. É dessa tradição que surge no Brasil a figura dos pretos-velhos, como João de Camargo, respeitados e seguidos até mesmo depois de suas mortes.

No início do século XX, em uma época em que os negros não tinham direito a absolutamente nada, João de Camargo foi capaz de reeinvindicar seu espaço dentro de uma sociedade que não reconhecia sua existência. Ex-escravo, ele conseguiu fundar sua própria religião, com base nas raízes africanas e reunir um grande número de seguidores em torno dessa fé. Além disso, ele tinha sua própria banda de música e também uma escola (algo impensável para sua posição social).

Considerado uma afronta ao status vigente, João de Camargo foi muito perseguido pela polícia. Preso inúmeras vezes, conseguiu uma aceitação maior para suas crenças associando a Umbanda ao Espiritismo de Allan Kardec (de origem européia, portanto algo mais aceitável naqueles tempos).Hoje, a Capela de João de Camargo reúne elementos do catolicismo, do espiritismo e da Umbanda e continua a receber fiéis diariamente, não só de Sorocaba, mas também de outras cidades da região. Recentemente ela passou por uma reforma, que acabou mudando algumas de suas características originais, mas que ainda merece uma visita.
Matéria publicada no Guia do Feriado do Jornal o Estado de São Paulo em novembro de 2006. (sem edição)

Celebração aos mortos



“Oxalá meu Pai,
aceite essa romaria
Seus filhos que moram longe,
não podem vir todo dia”.

Não é todo dia que você pode conhecer de perto os rituais de uma cultura diferente da que você está acostumado a ver no dia-a-dia. Pois no dia de Finados (2) isso pode ser resolvido facilmente, é só dar um pulinho em Sorocaba, a apenas uma hora de São Paulo.Nesta data, o grupo do Centro de Umbanda Pai Chico e Mãe Cambinda sai de Osasco e vai até o Cemitéio da Paz (em Sorocaba) para fazer uma homenagem a João de Camargo, um dos personagens mais importantes da história da cidade.

Com cantorias, hinos aos orixás, atabaques, danças e algumas incorporações espirituais, o grupo liderado por Mãe Cambinda (D. Doroti) e pelo Pai Chico (Sr. João) segue passo a passo uma tradïção que já dura mais de 30 anos. Comidas, bebidas, fumo, flores e velas também fazem parte dessa autêntica expressão da cultura afro-brasileira.

Eles chegam ao cemitério por volta das 11h, quando começa a preparação para o ritual. Ao meio dia, eles iniciam os cumprimentos aos Exus que cuidam do cemitério, caminham até o túmulo de João de Camargo e lá prestam as primeiras homenagens. Depois seguem até o cruzeiro, onde recebem os orixás, caboclos, vaqueiros e pretos-velhos, que ajudam a receber e a aconselhar todos os que estão ali presentes. Encerradas as atividades no cemitério, por volta das 13h30, todos vão até a Capela de João de Camargo onde é realizada uma confraternizãção entre todos os participantes.

Este ritual é uma obrigação religiosa, recebida por D. Doroti em 1975. Desde então eles cumprem regularmente o ritual em homenagem ao preto-velho João de Camargo de Sorocaba.Mesmo quem não compartilha das crenças da Umbanda é sempre muito bem recebido na celebração, que atrai olhares curiosos dos moradores da cidade (já familiarizados com a história), além de pesquisadores (antropólogos e sociólogos) e até turistas de outras cidades.

Matéria publicada no Guia do Feriado, no jornal o Estado de São Paulo em novembro de 2006 (sem edição).