1.11.06

Celebração aos mortos



“Oxalá meu Pai,
aceite essa romaria
Seus filhos que moram longe,
não podem vir todo dia”.

Não é todo dia que você pode conhecer de perto os rituais de uma cultura diferente da que você está acostumado a ver no dia-a-dia. Pois no dia de Finados (2) isso pode ser resolvido facilmente, é só dar um pulinho em Sorocaba, a apenas uma hora de São Paulo.Nesta data, o grupo do Centro de Umbanda Pai Chico e Mãe Cambinda sai de Osasco e vai até o Cemitéio da Paz (em Sorocaba) para fazer uma homenagem a João de Camargo, um dos personagens mais importantes da história da cidade.

Com cantorias, hinos aos orixás, atabaques, danças e algumas incorporações espirituais, o grupo liderado por Mãe Cambinda (D. Doroti) e pelo Pai Chico (Sr. João) segue passo a passo uma tradïção que já dura mais de 30 anos. Comidas, bebidas, fumo, flores e velas também fazem parte dessa autêntica expressão da cultura afro-brasileira.

Eles chegam ao cemitério por volta das 11h, quando começa a preparação para o ritual. Ao meio dia, eles iniciam os cumprimentos aos Exus que cuidam do cemitério, caminham até o túmulo de João de Camargo e lá prestam as primeiras homenagens. Depois seguem até o cruzeiro, onde recebem os orixás, caboclos, vaqueiros e pretos-velhos, que ajudam a receber e a aconselhar todos os que estão ali presentes. Encerradas as atividades no cemitério, por volta das 13h30, todos vão até a Capela de João de Camargo onde é realizada uma confraternizãção entre todos os participantes.

Este ritual é uma obrigação religiosa, recebida por D. Doroti em 1975. Desde então eles cumprem regularmente o ritual em homenagem ao preto-velho João de Camargo de Sorocaba.Mesmo quem não compartilha das crenças da Umbanda é sempre muito bem recebido na celebração, que atrai olhares curiosos dos moradores da cidade (já familiarizados com a história), além de pesquisadores (antropólogos e sociólogos) e até turistas de outras cidades.

Matéria publicada no Guia do Feriado, no jornal o Estado de São Paulo em novembro de 2006 (sem edição).

4 comentários:

Anônimo disse...

Achei um absurdo esta reportagem,

O que tem a ver culto de umbanda com cultura afro brasileira.
O que tem a ver orixas com catiços....

Preto velho, cabloco, boiadeiro ou que seja sao catiços, Orixas, sao Xango, ogun, oxossi, obaluye, iemanja e vai,

Bruno Saia disse...

então a umbanda não tem nenhuma ligação com a cultura afro-brasileira? tem com o que então?

Anônimo disse...

Não é de se negar a forte influência africana na religião de Umbanda.
Desde as danças nos rituais religiosos ao sincretismo com os Orixás do Candomblé.
Acho que antes de colocar um comentário fazendo críticas ao assunto, recomendo que a pessoa faça uma pesquisa antes...

Eu particularmente gostei da reportagem pois sou a favor da divulgação e quebra de tabus relacionados a Umbanda.

Espero ver sempre reportagens positivas sobre o tema.

Oxalá ilumine a todos.

Bruno Saia disse...

agradeço pelo apoio. Quero acrescentar que o principal objetivo da matéria era exatamente esse, de chamar a atenção para esta representação da cultura popular que normalmente não recebe o destaque merecido nos veículos de comunicação.